Segundo Graça Machel, o país precisa do fervor do povo para a refundação de um Estado firme, justo e limpo. “O povo moçambicano é forte para fazer ressuscitar o sentido de pátria e sentido de nação”.
A família Machel, na voz de Graça Machel, anunciou ontem, (29 de Setembro), a institucionalização do ciclo de vida de Samora Machel, que nasceu a 29 de Setembro de 1933 e perdeu a vida num acidente aéreo, na vizinha África do Sul, no dia 19 de Outubro de 1986.
A institucionalização do ciclo de vida de Samora Machel, é uma iniciativa de várias instituições de ensino superior, incentivada pela família Machel e amigos.
“Quando digo família Machel refiro-me a família alargada que sempre esteve ao nosso lado, e não apenas os filhos de Samora”, disse Graça Machel, viúva do primeiro Presidente de Moçambique independente.
Segundo Graça Machel, essa família alargada vai a partir deste ano, realizar um colóquio anual. “Todos os anos iremos convidar uma figura extraordinário que no quadro do calendário do ciclo de vida de Samora Machel, irá partilhar o seu saber e conhecimentos, de maneira a nos ativar aquele orgulho de sermos parte da região e de grande família de africana”, acrescentou.
Graça Machel falava na cerimónia que serviu também para o lançamento da obra intitulada “Samora Machel: Uma vida interrompida”, da autoria do casal americano amigo de Moçambique, desde a luta armada, Allen F. Isaacman e Barbara S. Isaacmam.
A senhora Machel, explicou que a aula inaugural do primeiro colóquio, que terá lugar no dia 16 de Outubro, em Maputo, será abrilhantado pelo professor Patrik Lumumba, um conceituado intelectual keniano. “Mas todos os anos, teremos um processo amplo lançado e dirigido por universidades moçambicanos, que irão promover pesquisas a volta de temas e assuntos importantes, não só sobre Samora Machel, mas sobre o que queremos ser como uma nação”, acrescentou.
A activista social e viúva de Samora Machel afirmou que pretende-se com esta iniciativa contribuir para a abertura de mais espaços de debate, tal como sugere o livro “Samora Machel: Uma vida interrompida”, que trata os assuntos de forma aberta.
Acrescenta Graça Machel que os autores, ao analisar Samora não se deram o trabalho de censurar, basearam-se em factos da pesquisa. “Mas, ao mesmo tempo, eles analisam os factos abrindo espaço para um debate baseado no saber, no conhecimento científico, contribuindo para consolidar esse espaço que pertence a todos nós”.
Graça Machel, considera que esse espaço deve ser apropriado por quem quer que seja. “Deve ser um espaço de moçambicanos para moçambicanos, para o mundo e ser um espaço de afirmação”, salientou.
A activista agradeceu as instituições que aceitaram fazer parte do comité científico e as pessoas que aceitaram ser membros do comité de honra, porque esta é a melhor maneira de dizer “Samora vive”.
“Samora vive sem e com as nossas emoções”, disse, reconhecendo a capacidade dos moçambicanos de análise, de construir espaços de diversidades, mas também de fazer consensos.
“Precisamos de refundar o estado moçambicano”
Graça Machel fez uma rápida abordagem sobre a nação, lembrando que uma das contribuições de Samora Machel foi ter estabelecido as fundações do Estado moçambicano, “onde todos nós estamos reflectidos”.
Para Graça Machel, o Estado Moçambicano precisa de ser refundado e recuperar a dignidade. “E temos condições ótimas para isso”.
Graça Machel, lembrou os jovens de 8 de Março, que com sentido patriótico diziam que “a pátria chama por nós”. Este grupo deve ter hoje acima de 60 anos de idade.
Referiu-se ainda, a uma outra geração que chamou de “meus meninos”, filhos de camponeses e operários selecionados em todas as províncias e distritos do país para a República de Cuba, onde foram dar continuidade aos estudos.
Segundo Graça Machel, tem de haver aquele fervor do povo para a refundação de uma nação a volta de um estado firme, justo, mas também um estado limpo. “Essas gerações de que me referi tem energia e capacidade suficiente. Por isso, eu digo que vamos celebrar Samora e nos apropriemos do melhor que este país oferece”, disse, acrescentando que o povo merece e todos nós temos obrigações para com este povo.
Afirmou ainda que o povo moçambicano é forte para fazer ressuscitar o sentido de pátria e sentido de nação.