Mais de 30 mulheres foram assassinadas nos últimos três meses

Só na Cidade da Beira, província de Sofala, foram mortas 30 mulheres, o mesmo aconteceu na Cidade e Província de Maputo onde foram assassinadas cerca de 10 mulheres, situação que preocupa várias organizações femininas que apelam às autoridades competentes para o esclarecimento dos casos.

As organizações lideradas pelo Fórum Mulher pedem, também, a colaboração da Comunicação Social na sensibilização da sociedade para abandonar a prática de violência contra a mulher.

A província de Sofala é a que mais casos de violência e assassinatos de mulheres apresenta. Em resposta aos apelos para o esclarecimento destes casos, a Procuradoria Provincial em Sofala prometeu, nos finais do ano passado, que os processos envolvendo os supostos assassinos na cidade da Beira estavam na fase de instrução preparatória para depois serem remetidos ao tribunal para o julgamento.

Rafa Machava, presidente do Fórum Mulher, afirmou, por ocasião do 8 de Março (Dia Internacional da Mulher), que a violência contra a mulher constitui o principal desafio do momento. “As mulheres lançam um grito de socorro. É triste a situação que estamos a viver, são mulheres desaparecidas, violadas e mortas sem nenhum esclarecimento”, lamentou Rafa Machava, que classifica esta situação de desumana.

Segundo a activista social, há mortes que resultam da violência doméstica, mas há outras sem rostos, no entanto, são todas elas violentas. “A última menina que foi encontrada sem vida na zona de Matola Rio, na província de Maputo, apresentava marcas de violência, ela foi retirada parte dos seus órgãos e até hoje este crime não foi esclarecido”.

Rafa disse que algumas vítimas resultam de homicídio pelos próprios maridos. “Como foi o caso daquele homem que matou e enterrou a sua própria esposa na sala da sua casa. São mortes muito chocantes e o pior é que não há esclarecimentos”, disse, lamentando o facto de os assassinos estarem a matar a janela da esperança, que são as mulheres jovens.

Para o Fórum Mulher é estranho a falta de esclarecimento destes casos porque o país tem leis possíveis para incriminar estes criminosos. “Não há investigação e ninguém sabe de nada. Pedimos aos jornalistas que são parte desta sociedade para ajudarem a investigar estes casos tristes, uma vez que há ineficiência a nível das autoridades que deviam investigar”.

Na tentativa de obter esclarecimento, Rafa disse que o Fórum Mulher já se aproximou de todas as entidades competentes incluindo a ministra da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, mas ainda não conseguiram obter resposta.

Para o Fórum Mulher, a crescente onda de assassinatos é a expressão da incapacidade do Estado de encontrar solução para este problema.