Novo impasse na RSA: DA quer departamentos chaves e ANC não aceita

John Steenhuisen considera que para formar um governo de unidade nacional (GNU), Ramaphosa precisava levar a sério a distribuição de pastas no gabinete.

O impasse entre o ANC e a DA sobre o controlo pelos ministérios e departamentos chaves como comércio, indústria e concorrência (DTI), está a ameaçar a formação do Governo da Unidade Nacional (GNU), na África do Sul.

Segundo a imprensa sul africana esta manhã, o executivo federal da DA reuniu-se ontem à noite, mas antes de se juntar à reunião o seu líder, John Steenhuisen, disse que a mudança das balizas pelo ANC “não ia correr bem”.

Steenhuisen disse ao The Citizen que, para formar um governo de unidade nacional (GNU), Ramaphosa precisava levar a sério a distribuição de pastas no gabinete.

O principal ponto de discórdia é a pasta do comércio, indústria e concorrência (DTI) e, sem ele, disse Steenhuisen, o seu partido está a ser praticamente excluído de contribuir positivamente em questões críticas para o país.

“Em seu lugar, foi-nos oferecido turismo”, o que antecipou que o partido rejeitaria.

Acrescentou que mesmo substituindo o DTI pelos transportes, ou recursos minerais e energia, permitiria à DA participar plenamente em áreas-chave do governo, áreas onde o partido poderia fazer a diferença, contribuindo ativamente para o crescimento do país.

Ramaphosa acusou o líder da DA de “mexer nas balizas”. Numa carta contundente a Steenhuisen, a que o The Citizen teve acesso, Ramaphosa disse: “Assuntos de importância nacional, como estes, são mais bem conduzidos em negociações presenciais.

“Só quando ambas as partes concordarem que as discussões entre elas atingiram um nível de maturidade e avanço é que devem ser reduzidas à escrita, para fazer jus ao princípio da transparência.

“Informei que o hábito de negociar por correspondência, tal como adotado pela DA, pode ser problemático. Pode, por exemplo, fazer com que as partes joguem para a galeria da opinião pública através de fugas de informação, resultando na perda de foco na substância real das negociações.”

Acusou a DA de querer criar um “governo paralelo” ilegal, que funcionaria fora dos parâmetros da Constituição.

Perigo para o GNU

O analista político da Universidade de Joanesburgo, Dr. Oscar van Heerden, disse que não superar obstáculos sérios como este representa um perigo para o GNU.

“Vai ter de haver um tempo limite para garantir que o país sabe o que está a acontecer porque, se não se chegar a acordo, o ANC tem duas opções: governar em minoria ou aglutinar-se com o FEP e os partidos mais pequenos”, disse.

Entretanto, Steenhuisen acrescentou que a DA cedeu no seu pedido de oito vice-ministros, aceitando a oferta de Ramaphosa de seis porque o DTI estava sobre a mesa.

“Era a joia da coroa para nós.” Steenhuisen disse que, se o DTI não tivesse sido sumariamente retirado da mesa, teria sido alcançado um acordo.

Van Heerden disse que um grande risco seria o ANC virar-se e mandar “para o inferno o DA.