Portugal legaliza o partido da primeira mulher negra de origem angolana.

 

Ossanda Liber João Filipe Cruz dos Santos nasceu em Luanda, capital angolana a 15 de Setembro de 1977. É casada com Nuno Miguel Cruz dos Santos, vinicultor viseense. É filha de António Pedro Filipe Júnior, médico cardiologista e de Maria José João, psicóloga.

 

Depois de ter indeferido por três vezes devido a irregularidades no processo, o Tribunal Constitucional (TC) Português, aceitou ontem o pedido de inscrição do partido político “Nova Direita”, liderado por Ossanda Liber, uma portuguesa de origem angolana.

Ossanda Liber é a primeira mulher negra a liderar um partido de direita em Portugal, fazendo história ao dar a cara pela Nova Direita.

De acordo com um acórdão do TC, de 09 de Janeiro de 2024, tornado público, os juízes do Palácio Ratton decidiram “deferir o pedido de inscrição no registo próprio existente no Tribunal Constitucional do partido político com a denominação ‘NOVA DIREITA'”, que terá a sigla ND.

A Nova Direita quer combater o ceticismo dos portugueses e motivar mais mulheres para a vida política. O novo partido nasce com uma agenda que prioriza as eleições europeias de 2024 e, considera que muitas das reformas a serem implementadas em Portugal precisam de ser também feitas ao nível europeu.

É também foco está também nas autárquicas de 2025. Ossanda Liber, 46 anos de idade, foi candidata em 2021 à presidência do município de Lisboa.

A dirigente da Nova Direita defende que Portugal deve replicar com África o modelo das relações estabelecidas no âmbito da União Europeia nos domínios do comércio e de políticas comuns de imigração, mas também nas áreas da saúde, defesa e segurança. Este último assunto, diz, é uma preocupação maior: “que inclui também a questão da segurança e controlo, por exemplo, do terrorismo, que é um tema no qual Portugal não gosta de pensar. Esta é uma questão que penso que Portugal e os países de África podiam perfeitamente cooperar”.

Segundo a líder da ND Portugal precisa claramente dos imigrantes para colmatar um défice demográfico com impacto negativo no mercado de trabalho, por isso, o país deve ter uma política de imigração bem definida.

Nascida na capital angolana, estudou direito e se mudou para Paris, em França, onde estabeleceu sua família. Com dificuldades para prosseguir seus estudos universitários em razão da língua estrangeira, mudou-se com o marido e sua filha mais velha para Portugal, primeiramente em Coimbra e finalmente, em 2004, em Lisboa.

Tendo desistido do curso de direito, Ossanda dedicou-se durante cerca de três anos à produção escrita e audiovisual para cinema, na Restart – Instituto de Criatividade, Artes e Novas Tecnologias, em Lisboa. Chegou a ser convidada para participar da realização do festival de cinema Hola Lisboa. Porém, desistiu desse caminho pela desvalorização e pela instabilidade financeira, e ela começou a trabalhar na área de negócios como intermediária entre empresas angolanas e portuguesas.

Durante o confinamento da pandemia de COVID-19, Ossanda começou a pensar sobre “o papel da cidade junto às pessoas” e ganhou visibilidade quando se candidatou, pelo movimento independente “Somos Todos Lisboa”, à Câmara Municipal de Lisboa. Tornou-se vice-presidente do partido Aliança, renunciando ao cargo e desfiliando-se em fevereiro de 2022.

Em abril de 2022, Ossanda Liber se envolveu na criação de um novo partido no país, chamado Nova Direito, cujas assinaturas foram entregues ao Tribunal Constitucional em março de 2023.