Horácio João
Um vídeo de aproximadamente um minuto e posto a circular nas redes sociais neste sábado, demonstra claramente a paralisação instantânea da sessão solene dos Direitos Humanos da União Africana, que decorre na cidade de Banjul, na Gâmbia, sobre o crime bárbaro do assassinato nesta madrugada, em Maputo, do advogado da Coligação de Acção Democrática (CAD), Elvino Dias, e do mandatário do Partido Optimista pelo Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), Paulo Guambe.
O activista social beirense, Wilker Dias, que se rompeu naquele acto solene, transportava uma bandeira de cores moçambicanas, e com megafone em punho, gritava palavras em busca de solidariedade daqueles legisladores ao nível do nosso continente, em torno do pleito eleitoral de 9 de Outubro passado, em Moçambique.
Na circunstância, Wilker Dias foi barrado por dispositivo de segurança daquela Organização da União Africana, mas fez coar a sua voz, deixando os legisladores perplexos, em face deste episódio.
Segundo suas próprias palavras, ele se encontrará na Gâmbia exactamente para apresentar uma queixa junto da União Africana das supostas irregularidades deste escrutínio no nosso país.
Já a Ordem dos Advogados de Moçambique diz que o assassinato de Elvino Dias, incluindo político Paulo Guambe, é um atentado à profissão de advogado e ao Estado de Direito e à Democracia, tendo convocado uma marcha em repúdio ao facto.
Foram assassinados a tiro, o advogado Elvino Dias, que representava Venâncio Mondlane e o partido PODEMOS no contencioso eleitoral e o mandatário político do PODEMOS, Paulo Guambe.
Albino Forquilha, presidente do PODEMOS, confirmou os assassinatos em entrevista telefónica e prometeu falar à imprensa depois de apresentar as condolências às famílias das vítimas.
Segundo um comunicado emitido pelo Consórcio de Observação Eleitoral Mais Integridade, a repudiar os assassinatos, as vítimas foram interpeladas por duas viaturas pick up de onde terão saído dois indivíduos desconhecidos, munidos de armas de fogo e que de imediato crivaram de balas dois elementos da oposição.
“O Elvino Dias terá perecido no mesmo instante e Paulo Guambe, horas depois, uma vez a Polícia da República ter impedido a sua evacuação através de uma ambulância que esteve no local para os socorrer”, lê-se no documento do consórcio, citando testemunhas oculares.