O Presidente da África do Sul revelou ontem que a cimeira da troika da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) reúne-se no dia 23 em Maputo para decidir sobre “a resposta regional apropriada” em apoio ao Governo de Mocambique na luta contra o terrorismo na provincia de Cabo Delgado.
Questionado no Parlamento, Cyril Ramaphosa disse que o seu Governo está a “trabalhar dentro dos sistemas da SADC para fazer face à desestabilização de Cabo Delgado e para estabelecer a estabilidade política em Moçambique”.
Segundo noticiou a VOA, o Grupo Internacional de Crise, uma organização não internacional especializada em temas como resolução e prevenção de conflitos armados internacionais (ICG, na sigla em inglês), e com sede em Bruxelas, defendeu que o Governo de Maputo deve combinar a sua resposta militar com um forte investimento nas comunidades e no diálogo com os insurgentes.
Num relatório divulgado nesta sexta-feira, 11 de Junho, o grupo destaca “o conjunto de factores locais que estimularam os insurgentes à batalha”, a fim de conter a violência.
Os jihadistas ligado s ao Estado Islâmico têm vindo a aterrorizar a província de Cabo Delgado desde 2017, pilhando aldeias e cidades.
O conflito já custou mais de 2.800 vidas, metade das quais civis, e forçou mais de 700 mil a abandonarem as suas casas.
Os insurgentes conhecidos localmente como Al-Shabab lançaram um ataque à cidade de Palma em Março que sobrecarregou as Forças de Segurança e Defesa (FDS) e obrigou o gigante francês da energia Total a suspender os trabalhos do seu megaprojecto de explorou de gás natural em Cabo Delgado.
No ataque, dezenas de pessoas foram mortas e 67 mil foram deslocadas, no que foi considerado um dos maiores ataques de radicais islâmicos na África Austral e que suscitou preocupação internacional.
O ICG insta Maputo no seu relatório a “usar a força sabiamente”, aceitando ofertas externas de assistência militar, mas concentrando-se em conter a expansão dos insurgentes e proteger os civis deslocados.
Na sua intervenção no Parlamento sul-africano, o Presidente Cyril Ramaphosa lembrou que uma missão de peritos da SADC propos um apoio às Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, sem dar detalhes.
A proposta, conhecida em Abril, incluiu o envio de uma força de três mil homens e equipamentos pesados.