Vinte e três de Dezembro pode ser um dia fatal para os moçambicanos

O filósofo e académico, Severino Ngoenha, alerta que 23 de Dezembro é uma data que pode ser fatal para os moçambicanos, situação que no seu entender pode ser evitado. O Conselho Constitucional poderá divulgar os resultados finais das eleições de 09 de Outubro, a 23 do corrente mês.

“Não podemos nos permitir que isso nos aconteça. Não há nada que justifique que agente marche em direcção a este facto fatídico”.

Para o filósofo, os políticos podem evitar esta situação adotando atitude responsável, que passa por estabelecimento de um acordo de bravos, que significa que não haja derrotados nem vencedores. “Tem que haver um só vencedor que é o Povo e a Unidade Nacional”.

Segundo Ngoenha, que é Reitor da Universidade Técnica de Moçambique (UDM), para o alcance desse acordo é preciso que cada um adicione um pouco de água no seu próprio vinho. “É importante que cada um tempere as suas ambições e que esteja pronto a ceder por forma a encontrarmos uma plataforma comum, na qual podemo-nos congregar como moçambicanos e, assim sairmos desta situação”.

O académico disse ainda que Moçambique está em perigo de fragmentação. “A polarização está no mais alto nível nos últimos cinquenta anos da nossa independência e, o país voltou a ser uma nação onde a questão tribal e racial está no centro das preocupações”, afirmou, o filósofo, alertando que esses são ingredientes necessários para colocar em perigo a existência de todos como país e como nação.

“Nós estamos em perigo de deixar de ser uma nação, de ser um Estado e de ser aquilo que sonhamos ser e a razão pela qual lutamos pela nossa liberdade e independência”.

Segundo Ngoenha, ganhe um candidato ou ganhe outro, os resultados do dia 23 de Dezembro vão ser um fósforo que vai acender o petróleo que de facto vai dilacerar e fragmentar o país.

Acrescentou que nessas condições, a pessoa que sair de lá como Presidente não vai ter legitimidade suficiente para governar e, sem essa legitimidade não terá como congregar todos os moçambicanos.

“Moçambique é um país miserável, que não consegue dar de comer a sua população, não têm escolas em condições, não tem habitações condignas, não têm medicamentos nos hospitais. Moçambique é um país que vive da boa vontade de outras nações”, disse.

Segundo Severino Ngoenha, apesar de ser um país independentes, Moçambique depende de outros, uma situação que pouco dignifica. “Temos que ter um governo legítimo, capaz de congregar e reunir a todos para remarmos na mesma direcção”, finalizou, repisando que os resultados do dia 23 do corrente mês, podem ser fatais para a nossa existência como país e como nação.

Severino Ngoenha é um filósofo moçambicano e é considerado o mais importante filósofo contemporâneo. Tem realizado uma contribuição central para o estudo da Filosofia africana no país. Seus trabalhos mais influentes incluem uma análise crítica dos discursos da filosofia africana, críticas da sociedade moçambicana contemporânea, como também questões sobre justiça, ecologia e educação.