Dívidas ocultas: Privinvest notifica o Presidente Filipe Nyusi

Advogados da Privinvest dizem que notificaram Presidente da República, Filipe Nyusi sobre acusações no processo que decorre em Londres. As reivindicações da Privinvest são de alegados pagamentos ao Presidente moçambicano, incluindo para financiamento de campanha eleitoral em 2014. 

O Presidente moçambicano foi notificado em Moçambique pelos advogados da Privinvest das alegações feitas contra si no processo que decorre na justiça britânica sobre o caso das “dívidas ocultas”, revelaram os advogados do grupo naval.

Segundo a Privinvest, a notificação foi feita a 19 de outubro no Palácio Presidencial e no Escritório do chefe de Estado moçambicano, após autorização em maio dada pelo Tribunal Comercial, parte do Tribunal Superior de Londres.

“As reivindicações da Privinvest contra o Presidente Nyusi referem-se a pagamentos feitos em seu benefício, incluindo para financiar a sua campanha eleitoral presidencial em 2014, e dado que ele esteve no centro da criação e subsequente sabotagem dos Projectos em Moçambique”, referem os advogados num comunicado.

O Presidente da República é referido no processo iniciado pela Procuradoria-Geral da República em 2019 para anular a dívida de 622 milhões de dólares da empresa estatal ProIndicus ao banco Credit Suisse e obter uma indemnização que cubra todas as perdas resultantes do escândalo das “dívidas ocultas”.

Em causa estão as dívidas ocultas do Estado moçambicano de cerca de 2 mil milhões de dólares (1,8 mil milhões de euros) contraídas entre 2013 a 2014 em forma de crédito junto das filiais britânicas dos bancos de investimentos Credit Suisse e VTB em nome das empresas estatais moçambicanas Proindicus, Ematum e MAM.

O financiamento destinava-se à aquisição de barcos de pesca do atum e para equipamento e serviços de segurança marítima fornecidos pelas empresas da Privinvest numa altura em que Filipe Nyusi era ministro da Defesa.

Moçambique alega que Manuel Chang não tinha autoridade para assinar as garantias soberanas e que estas são inconstitucionais e ilegais porque o parlamento de Moçambique não aprovou os empréstimos.

A Privinvest, que nega qualquer irregularidade, pode ser condenada a pagar indemnizações se ficar provado que faz pagamentos corruptos a funcionários do Estado moçambicano.  O julgamento no Tribunal de Londres está previsto para ter lugar em 2023. Lusa/zebra