Os veteranos da luta armada Deolinda Guezimane e Jorge Rebelo, considerados bibliotecas vivas da história de libertação nacional, cujas memórias guardam a génese dos 60 anos da criação da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), foram reconhecidos hoje, pelo partido Frelimo.
O reconhecimento foi feito no quadro da visita de cortesia que o Secretário-Geral da Frelimo, Roque Silva, efectuou, esta semana, às residências daqueles a quem descreveu de figuras incontornáveis do processo libertário de Moçambique.
Segundo Roque Silva, falar de Deolinda Guezimane e de Jorge Rebelo é mesmo que trilhar a história do país independente, a avaliar pelo papel que desempenharam na luta de libertação nacional e na edificação do Estado moçambicano.
Dada à contribuição destes antigos combatentes, não apenas na luta de libertação como também na construção do processo de desenvolvimento, através dos programas de governação da Frelimo, o Secretário-Geral aproveitou a oportunidade para, com os dois, trocar impressões sobre os desafios internos do partido e da pátria.
Deolinda Guezimane, natural da província de Sofala, juntou-se à Frente de Libertação de Moçambique em 1965. É combatente da Luta Armada de Libertação Nacional, membro do Destacamento Feminino e membro fundador da OMM. Foi a primeira Secretária-Geral da OMM.
Coronel na Reserva, Deolinda Guezimane foi membro do Conselho de Estado e é membro de Honra da OMM.
Deolinda Guezimane chegou acompanhar os treinos político-militares de Josina Machel, em Nachingwea, tendo, no fim, acompanhado-a até Mucunha, Fronteira com Cabo Delgado. Mais tarde trabalhou com Josina em Tunduru. Nessa altura, era professora enquanto que Josina respondia pela área de Assuntos Sociais.
Também, dentre outras actividades, acompanhou Josina Machel a cuidar dos feridos de guerra, crianças cujo os pais se encontravam na Luta, bem como órfãos.
Jorge Rebelo , nascido em 1940 em Lourenço Marques (hoje Maputo ), é um poeta, militante político e jornalista moçambicano, um dos pioneiros da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO).
Depois de estudar Direito na Universidade de Coimbra, em Portugal, alistou-se no exército português em 1962. Quando soube que ia ter de lutar contra os nacionalistas na Guiné , optou pela deserção. Tendo deixado Portugal, fugiu para França onde entrou em contacto com Marcelino dos Santos e ingressou na FRELIMO. Ele foi enviado para o Marrocos, depois para a Argélia, onde cuidou da propaganda e recebeu treinamento militar e depois partiu para Dar-es-Salaam, onde editou o jornal em inglês do movimento, Mozambique Revolution . Após a independência, em 1975, foi nomeado Ministro da Informação, cargo que ocupou até 1980. Foi então secretário do Trabalho Ideológico da FRELIMO durante dez anos.
Depois da sua reforma, retomou as suas actividades como advogado.