Namibia: Netumbo Nandi-Ndaitwah destaca luta pela igualdade de género no seu discurso de posse

Namibia: Netumbo Nandi-Ndaitwah destaca luta pela igualdade de género no seu discurso de posse

Após uma longa carreira política designadamente, como parlamentar desde 1990, titular de vários cargos ministeriais durante os anos 2000, Netumbo Nandi-Ndaitwah tomou posse ontem, (sexta-feira), em Widhoek, capital da Namibia e destacou no seu discurso a luta pela igualdade de género.

Perante o público, seus pares, mulheres líderes do continente africano, presidentes e chefes de governos regionais, a nova presidente namibiana, homenagiou a primeira mulher a chegar ao cargo supremo em África, a antiga presidente liberiana, Helen Johnson Sirleaf, no discurso de investidura em que a luta pela igualdade de género figurou em posição dianteira.

A posse da primeira mulher Presidente da Namíbia, considerada pilar da Swapo, partido da luta de libertação, coincidiu com a data do 35° aniversário da independência deste país, outrora ocupado pela África do Sul.

Aos 72 anos de idade, Netumbo Nandi-Ndaitwah, reiterou também os imperativos já enunciados na sua campanha eleitoral, nomeadamente a aposta na educação, na saúde e na captação de investimento, através de um plano orçado em um pouco mais de 4 mil milhões de Euros, com o qual pretende criar pelo menos 500 mil empregos nos próximos cinco anos.

Segundo a Presidente, o desenvolvimento de qualquer país depende da qualidade dos seus recursos humanos. Neste sentido, a educação e a formação continuarão a ser uma prioridade. Além disso, o acesso à saúde de qualidade é um direito que todos os namibianos devem ter.

Disse que o seu governo vai aumentar o investimento no desenvolvimento de infra-estruturas para abrir oportunidades de investimento. “Acreditamos na resolução pacífica de conflitos e a nossa política de apoio ao direito dos povos da Palestina e do Saara Ocidental à autodeterminação continuará a ser fortalecida. Queremos promover uma situação de ganho mútuo no comércio”.

Disse que o seu país continuará a exigir a reforma do Conselho de Segurança da ONU para garantir uma representação justa de todos os cidadãos do mundo.

Política externa

Netumbo Nandi-Ndaitwah- Presidente eleito da Namibia

Conhecida pelas suas posições conservadoras, como a sua oposição ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, ou ainda o seu alinhamento com países como a Coreia do Norte, ou a Rússia onde viveu em exílio nos anos 70, Netumbo Nandi-Ndaitwah marcou hoje as suas primeiras posições em termos de política externa.

Contudo é essencialmente nas suas opções económicas que ela será avaliada, num país rico em recursos como o urânio e onde se descobriu recentemente gás e petróleo, mas onde uma parte importante dos seus 3 milhões de habitantes, 44% da faixa etária dos 18-34 anos está no desemprego.

Diplomata e política de carreira, Netumbo Nandi-Ndaitwah foi eleita em Novembro de 2024 com 58% dos votos, ao cabo de um processo eleitoral confuso que foi prolongado em algumas zonas do país, um recurso da oposição tendo sido rejeitado no mês passado, neste país onde a Swapo tem estado no poder sem interrupção desde a independência em 1990.

História da Namíbia

Os primeiros seres humanos a habitar o atual território namibiano foram os Khoisabs, povos caçadores-colectores. Por volta do século I, com a expansão bantu pelo sul da África, os bantus passaram a ser a etnia predominante no atual território namibiano, expulsando ou se mesclando aos khoisans. O atual porto de Walvis Bay foi descoberto pelos europeus em 1487 pelo navegador português Bartolomeu Dias, mas a região não foi reclamada para a coroa portuguesa, provavelmente por estar isolada no meio do deserto do Namibe. Em Janeiro de 1793, Walvis Bay foi reclamada pelos holandeses. Em 1878, com a anexação da colónia do Cabo da Boa Esperança pelos ingleses, Walvis Bay passou a fazer parte dos domínios ingleses no sul da África.

Na sequência da Conferência de Berlim, em 1885, a Alemanha passou a administrar o território do Sudoeste Africano, que correspondia ao atual território da Namíbia.

Entre 1904 e 1907, os hereros e os namaquas se revoltaram contra o domínio alemão: em resposta, os alemães realizaram o genocídio dos hererós e namaquas. O domínio alemão durou até a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Com a derrota alemã na guerra, a União Sul-Africana (atual África do Sul) obteve o mandato da Liga das Nações para administrar o território. Porém, em 1945, a União Sul-Africana não o substituiu por um mandato da Organização das Nações Unidas (a organização internacional que sucedeu a Liga das Nações nesse ano), ficando a ocupar o território ilegitimamente como se fosse uma quinta província sul-africana (na época, a União Sul-Africana era dividida em quatro províncias).

Independência

Em 21 de Março de 1966, a SWAPO (South-West Africa People’s Organisation), um movimento independentista namibiano de guerrilha, lançou uma guerra contra as forças ocupantes sul-africanas, mas só em  1988 o governo sul-africano aceitou terminar a sua administração do território, de acordo com um plano de paz da Organização das Nações Unidas para toda a região. Em 1990, o Sudoeste Africano tornou-se independente com o nome de Namíbia, mas Walvis Bay continuou sob controle da África do Sul até 28 de Fevereiro de 1994, quando, então, uniu-se à Namíbia, depois de pressões da população local.

 

Riqueza

A Namíbia é um país com economia complexa, não sendo facilmente classificado como “rico” ou “poor”. É considerado um país de receita média alta, com um GDP per capita relativamente alto de N$79.431 em 2022. A economia da Namíbia tem forte dependência da mineração e do processamento de minérios para exportação, sendo um dos principais produtores de gemas brutas, incluindo diamantes. No entanto, em comparação com outros países, a Namíbia tem uma das economias menores e ocupa atualmente a 148ª posição