É preciso envolver o homem na solução dos problemas que afectam mulheres e raparigas

A directora executiva da Gender and Sustainable Development Association e presidente da Academia da Mulher Africana, Alice Banze disse hoje, em Joanesburgo, África do Sul que as uniões prematuras e violência baseada no género, são parte dos desafios que ainda perseguem a mulher e a rapariga em Moçambique e, uma das estratégias para eliminar o mal é tornar o homem como parte da solução.

Falando á margem do III Fórum de Mulheres Africanas em Diálogo, a decorrer desde segunda-feira, Banze reconheceu que mudar mentalidades, normas sociais leva o seu tempo, convidando a toda a sociedade moçambicana a trabalhar para prevenir as uniões prematuras, a violência sexual contra mulheres e raparigas e contra todas as práticas nocivas.

O terrorismo em Cabo Delgado e a instabilidade política e social pó- eleições de 09 de Outubro de 2024, são outros desafios que a Mulher enfrenta em Moçambique. “como organização da sociedade civil, temos realizado várias actividades com as comunidades e, em parceria com os respectivos líderes comunitários com o objectivo de sensibilizar a sociedade no sentido de abandonar esta prática”.

Disse que o envolvimento das lideranças comunitárias é muito importante porque são indivíduos respeitados nas suas comunidades. “Esses líderes servem como agentes de mudança que levam mensagens positivas e em línguas locais para as comunidades”.

Alice Banze disse que a sua organização também tem realizado encontros de troca de experiência com organizações de vários países que conseguiram ultrapassar o problema de uniões prematuras e violência baseada no género.

A organização, segundo a sua representante está também a trabalhar no sentido de influenciar a adoção de políticas que venham contribuir para a eliminação de todos os males que prejudicam o empoderamento social, económico e político da mulher e rapariga. Essa influência é feita junto ao parlamento e ao Ministério da Mulher, Criança e Acção Social, hoje Ministério do Trabalho Género e Acção Social.

Segundo Alice Banze, para que o homem seja realmente parte da solução, deve ser munido de informação e formação. “Ai sim, ele vai olhar para mulher como companheira e não objecto e, até pode vir a ser agente de mudança no seio da sua comunidade”.

Uma conferência inovadora

Em relação ao III Fórum de Mulheres Africanas em Diálogo, que termina esta sexta-feira em Joanesburgo, África do Sul, Alice Banze descreveu o encontro como um momento importante para a mulher africana trocar experiência e prestar solidariedade àquelas que enfrentam vários problemas nos seus países, incluindo guerras prolongadas.

“Este é um encontro inovador, se tivéssemos três ou quatro Zanele Mbeki no continente, a mulher estaria num patamar muito elevado”.

Zanele Mbeki é a mentora desta iniciativa. É fundadora e presidente do Fórum de Diálogo Africano das Mulheres (AFWID), que já está na III edicção. Também é esposa do antigo Presidente sul africano, Tambu Mbeki.

Espera-se que depois do encontro, as participantes ao III Fórum de Mulheres Africanas em Diálogo partilhem as experiências adquiridas com outras mulheres nas suas comunidades. “Esse é o principal objectivo deste Fórum, por isso cada participante vai fazer a réplica na sua comunidade”.