Dívidas ocultas: Ângela Leão torna a audição tensa e nega seu envolvimento com as dívidas que lesaram o país

Com uma bíblia na mão, Ângela Leão chegou à tenda onde decorre o julgamento e orou, orou várias vezes antes de iniciar a sua audição.

A ré Ângela Leão, esposa do antigo Director Geral do SISE, Gregório Leão, também réu no processo das dívidas ocultas, negou hoje (16 de Setembro), qualquer envolvimento no processo das dívidas ocultas e acusou as autoridades do Estado e Governo, de perseguição a si, seu esposo e sua família.

A ré que tornou a audição tensa, chegou a pedir ao Juiz Efigênio Baptista para se focar nas matérias relacionadas as dívidas ocultas e não na sua vida particular.

Ângela, de 43 anos de idade disse que nunca esteve envolvida com as pessoas que contrataram as dívidas ocultas, salientando não ter dúvidas que está presa por causa do seu esposo.

Com a resposta na ponta da língua, Efigenio Baptista explicou que se assim fosse, estariam presas também as esposas dos réus Teofilo Nhangumele; Cipriano Mutota; Bruno Langa; Armando Ndambe Guebuza, Fabiao Mabunda e António Carlos do Rosário.

Ângela que responde pelos crimes de associação criminosa, branqueamento de capitais, burla e outros, não quis dar esclarecimentos a questões relacionadas com vários imóveis da sua propriedade, que se alega serem resultantes do valor do calote.

Sobre o assunto, a ré salientou que este é um assuntos de fórum privado e que  não queria expor. “Não gostaria de falar dos meus imóveis aqui neste lugar… Porque é minha vida particular. Eu prezo muito a minha vida privada. Mas confirmo que eu pedi (ao réu Fabião Mabunda para fazer certos pagamentos e para adquirir imóveis. Mas detalhar, expor a minha vida privada não gostaria”, referiu a ré.

Com a insistência do juiz para obter resposta, a ré pediu esclarecimento pois no seu entender nunca foi dada a oportunidade para se explicar em relação a questão das dívidas. “”Meritíssimo, eu preciso de um esclarecimento. Desde o primeiro dia que me chamaram para me ouvirem, antes de ir presa, sempre me informaram que estavam a chamar-me por causa das dívidas não declaradas. Por causa do endividamento que o governo fez”, disse salientando que, no entanto, nunca é falada destas dívidas, mas sim, é chamada a falar dos seus imoveis e do seu esposo.

“Então eu gostaria de responder sobre as dívidas não declaradas e acho que as perguntas que estou a ser feita aqui, deviam ser feitas as pessoas que contrataram as dívidas e “Certamente eu não faço parte destas pessoas”.

A arguida que apostou numa estratégia defensiva e negação às várias alegações do Ministério Público, pediu desculpas a parentes de alguns co-arguidos, que disse terem sido detidos pela associação a si. “A cerca de oito pessoas que estão detidas só por causa do nome Ângela Leão, gostaria de pedir desculpas às suas famílias”, disse referindo-se a empreiteiros e agentes imobiliários que segundo a pronúncia, terão funcionado como “lavandarias” do dinheiro das dívidas ocultas.

Segundo a acusação, a família Leão terá lesado o Estado em 9 milhões de dólares e parte dos valores terão sido aplicados na compra de imóveis de luxo e outros investimentos imobiliários. Na Província de Maputo, a família Leão terá investido 36 milhões de meticais na reabilitação e aquisição de bens na residência familiar.

Durante o julgamento, Ângela, foi citada pelo réu Cipriano Mutota, como quem o terá informado do pagamento dos subornos pela Previnvest, mas, foi o réu Fabião Mabunda quem mais a referenciou durante o julgamento.