Filipe Nyusi reuniu-se com a comunidade Moçambicana residente na França

O Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, reuniu-se ontem com a comunidade Moçambicana residente na França, no âmbito da visita de trabalho que efectua àquele país europeu.

No encontro, realizado via plataforma zoom, estiveram presentes quatro líderes de associações de moçambicanos residentes na França, em observância das medidas de prevenção da Covid-19, para trocar impressões com o Chefe do Estado sobre a situação política, económica, social e segurança do país.

Na ocasião, o Chefe do Estado colheu sensibilidades dos compatriotas residentes na Franca, tendo assegurado que o país está relativamente estável, porque os três poderes, nomeadamente Executivo, Legislativo e Judiciário estão a funcionar, apesar de existirem zonas localizadas que estão em conflito.

O Presidente Nyusi fez referência ao projecto de paz em Moçambique, que se resume em dois pacotes, nomeadamente, Descentralização e a Desmobilização, Desarmamento e Reintegração (DDR).

“Pela primeira vez temos Governos provinciais, que estão a funcionar, naturalmente é uma nova experiência. Há tantos países que levaram anos para se assimilarem e nós ainda não temos dois anos neste processo, o que significa que muita coisa tem que ser melhorada. Agora, com as dificuldades que surgem, nós mesmos temos a capacidade de mudar se a coisa não estiver a funcionar bem”, sustentou o Presidente Nyusi.

No que se refere ao DDR, o Presidente da República disse que o projecto está a andar, depois do acordo celebrado em Maputo e previa-se que até Agosto próximo pudesse terminar, o que poderá não ser possível. Contudo, segundo disse, “estamos encorajados porque 44 por cento dos que têm que ser reintegrados já estão, são acima de cinco mil”.

No que se refere às consequências do terrorismo, o Presidente Nyusi referiu que o fenómeno provocou um movimento de deslocados a residirem fora dos seus distritos, o que tem estado a obrigar apoios adicionais em alimentos, roupa, medicamentos e outras necessidades pessoais.

“As Forças de Defesa e Segurança estão a fazer de tudo para poder proteger vidas humanas, bens e infraestruturas”, sublinhou.

Em relação às medidas de prevenção da Covid-19, o Chefe do Estado moçambicano referiu que “confinamos mais um pouco, limitamos a circulação, interrompemos as aulas, alguns jogos, restaurantes, entre outros, mas nunca chegamos a fazer o lockdown porque o país não está preparado para aguentar, mas tivemos que jogar o binómio economia-saúde, pois, se a economia para totalmente, poderíamos não ter a capacidade de sustentar a nossa convivência.

Dentre várias questões levantadas pelos compatriotas residentes na França, destaca-se a instalação do serviço de emissão de documentos de identificação e o exercício de voto em períodos eleitorais.

Em resposta, o Presidente da República pediu paciência, garantindo que as suas preocupações foram anotadas pelo Governo.

“A pandemia da Covid-19 não ajudou muito porque já havia um plano de se enviar uma missão para fazer um trabalho para os cerca de 200 moçambicano identificados que constituem a comunidade na França. Quanto ao Direito de voto, os moçambicanos residentes na França merecem, mas há que olhar para os custos. Temos que ser um pouco realistas. Chegará a fase em que poderemos fazer, por exemplo, o voto electrónico, mas teremos que encontrar uma solução na base de contactos entre nós”, sublinhou o Presidente Nyusi.

Entretanto, ainda hoje, o Presidente moçambicano vai reunir-se com a direcção da multinacional francesa TOTAL, que explora o projecto de gás na bacia do Rovuma, na província de Cabo Delgado, bem como conceder audiências a diversas personalidades com interesses económicos em Moçambique.

A situação do terrorismo em Cabo Delgado, já levou à suspensão das actividades da maior empresa petrolífera francesa (Total), e será um dos temas de fundo, e pode definir os níveis de participação de Paris, nos esforços visando combater a insurgência em curso no país.