Alcides Tamele – Colaboração
O CONTINENTE Africano precisa mobilizar pouco mais de 360 mil milhões de dólares para atingir as metas da segunda etapa da implementação do Programa para o Desenvolvimento de Infra-estruturas em África (PIDA) até o ano 2040. Deste montante, a iniciativa conseguiu arrecadar apenas 82 mil milhões para esta iniciativa, virada para a construção de infra-estruturas resilientes para a integração continental.
Entre as infra-estruturas, segundo o comunicado final da 8.ª Semana do PIDA, que teve lugar em Addis Abeba, na Etiópia, destaca-se o Corredor de Transporte Lamu (LAPSSET), um projecto que visa melhorar a conectividade e o comércio na África Oriental, ligando Quênia, Etiópia e Sudão do Sul por meio de rodovias, ferrovias, e um porto de águas profundas em Lamu.
Inclui ainda a ferrovia Camarões-Chade; a conectividade Marítima das Ilhas Comores; o Corredor Abidjan-Lagos; o projecto de Fibra Submarina Transfronteiriça e o Centro de Dados e Instalação de um Centro de Inteligência Regional; os projectos do Expresso Regional e de Trânsito Rápido para a mobilidade urbana em Dakar; bem como sobre o Corredor Cairo-Cidade do Cabo, esta última na vizinha República da África do Sul.
Segundo a mesma nota, para a directora-executiva da Agência de Desenvolvimento da União Africana (AUDA-NEPAD, sigla inglesa), Nardos Bekele-Thomas, a mobilização de fundos para o PIDA vai flexibilizar a implementação do continente em construir infra-estruturas resilientes e de qualidade para acelerar o desenvolvimento sustentável e a sua integração regional.
Nardos Bekele-Thomas afirmou que a mobilização de 82 mil milhões de dólares permitiu, entre outros, fornecer electricidade a mais de 30 milhões de pessoas, a criação de 160 000 empregos, e a modernização e criação de Postos Fronteiriços Únicos, essenciais para melhorar a conectividade regional e o comércio intra-africano.
“Apesar destas conquistas, persistam desafios de financiamento, bem como a errónea percepção de risco e bancabilidade de projectos que impedem as ambições de infra-estrutura da África”, disse, acrescentando ser imprescindível a adopção de novos mecanismos de financiamento, como as parcerias público-privadas.
Numa das suas intervenções, durante a 8.ª semana do PIDA, o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, falou da necessidade de os países africanos compreenderem que as infra-estruturas são a pedra angular para integração e o desenvolvimento da África, daí a pertinência de estabelecer parcerias para o financiamento das mesmas e o crescimento de outras iniciativas como os fundos de pensão, fundos soberanos e bancos multilaterais de desenvolvimento.