Numa altura em que o ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, Mateus Saize, manifesta profunda preocupação pelo uso de balas reais pela PRM, para dispersar manifestantes, a Amnistia Internacional teme o regresso à repressão em larga escala dos protestos e da dissidência que se seguiu às eleições gerais do ano passado.
A Amnistia Internacional quer investigações urgentes aos tiroteios registados nas últimas semanas contra apoiantes da oposição em Moçambique. O apelo é lançado pela diretora regional adjunta da organização, Khanyo Farise, para quem “estes incidentes fazem temer um regresso à repressão dos protestos em larga escala da dissidência que se seguiu às eleições do ano passado”.
No entendimento da Amnistia Internacional, há de facto uma urgência em abrir investigações sobre todos os relatos de violações dos direitos humanos que foram sendo notificados e cometidos desde as eleições de outubro, incluindo-se, neste caso, os assassinatos de mais de 300 pessoas. Há números de diferentes organizações da sociedade civil moçambicana que sustentam a morte de mais de 300 pessoas e tudo isto deve ser investigado pelas autoridades moçambicanas.
Entretanto, o ministro Saize disse que não é aceitável a utilização de munições reais para dispersar manifestações no país, sublinhando que, em casos de desordem, as autoridades devem recorrer a métodos menos letais, como balas de borracha e gás lacrimogéneo, de forma a evitar vítimas.
O ministro apela à racionalidade e ao uso proporcional da força, destacando a importância de métodos que não coloquem em risco a vida das pessoas.
A corporação tem sido criticada pelo uso de balas reais no intuito de dispersar os manifestantes, acabando por resultar em mortes e feridos.
Manifestações violentas
Logo após validação dos resultados eleitorais, Moçambique viveu onda de manifestações que atingiram o ponto mais alto nos meses de Dezembro e Janeiro. Grandes centros comerciais foram saqueados e destruídos, levando ao colapso do comércio formal e informal. Jovens e mulheres, em busca de bens essenciais protagonizaram os saques, deixando os mercados locais desabastecidos e os comerciantes em desespero.
A instabilidade pós-eleitoral afecta directamente a economia de Moçambique. O clima de insegurança prejudica a atracção de investimentos estrangeiros e coloca em risco setores cruciais, como o turismo, que relatou cancelamentos massivos de reservas durante o período festivo.
O governo moçambicano tem estado a envidar esforço para devolver o país a normalidade.