Morreu na noite de terça-feira, em Maputo, a actriz e cineasta Hermelinda Simela, uma das mais proeminentes activistas culturais do momento em Moçambique.
A morte de Simela, durante o serviço do parto, no Hospital Geral José Macamo, cidade de Maputo, colheu de surpresa a família, os amigos e toda a classe artística nacional, uma vez que, segundo soube o “Notícias”, durante o dia de ontem ela estava em contacto com diversas pessoas, sobretudo colegas de profissão.
Vai daí que assim que se soube do seu desaparecimento físico, ainda incrédulos, artistas e amigos “inundaram” as redes sociais com mensagens de condolências, ao mesmo tempo que outros procuravam compreender as circunstâncias por detrás da sua morte.
Entretanto, informações em poder do matutino dão conta que a bebé sobreviveu, estando ainda sob observação médica.
Natural da província de Nampula, Hermelinda Simela somava 23 anos de carreira artística, boa parte ligada ao Centro de Teatro do Oprimido, onde usava o teatro como uma ferramenta de intervenção social, bem como trabalhava com crianças.
Foi uma das fundadoras da Associação Moçambicana de Teatro (AMOTE).
Estava a iniciar-se na realização e, neste sentido, com o filme “Fénix em Hibernação”, conquistou a quinta edição do concurso de curtas-metragens anualmente promovido pelo Centro Cultural Moçambicano-Alemão (CCMA).
A obra narra a história de uma artista moçambicana habituada ao glamour das noites de espectáculos regados com muita bebida e drogas, misturados com assédio dos fãs e viagens de trabalho e lazer, que vê a sua vida a complicar-se devido às medidas de prevenção da pandemia do novo coronavírus.
Experimentava-se como realizadora numa área em que era já conhecida como actriz, afinal interpreta personagens de filmes como “Virgem Margarida” e “Comboio de Sal e Açúcar”, de Licínio Azevedo, e “Mosquito”, de João Nuno Pinto.
Ganhou o prémio de Melhor Actriz Secundária, nos African Movie Academy Award (AMAA), da Nigéria, graças à sua actuação na longa-metragem “Virgem Margarida”, onde interpreta a Comandante Maria João.
O Centro de Teatro do Oprimido reagiu à morte de Simela referindo que morreu uma profissional a qual depositava confiança. “O CTO-Maputo continuará a falar do que contigo viveu, aprendeu, sonhou e concretizou”, escreveu o grupo salientando que “valorizar o outro, enquanto podemos” é um dos seus maiores legados.