Depois de muitos apelos para abandonar as matas, Mariano Nhongo, líder da Junta Militar da Renamo, principal partido da oposição em Moçambique, finalmente propõe negociações com o governo de Filipe Nyusi.
A proposta foi tornada pública hoje, na qual o líder da Junta Militar propõe a constituição de grupos de trabalho para a discussão das reivindicações que terá enviado ao Presidente da República, Filipe Nyusi, em 2019.
“Eu quero que o Governo organize o seu grupo e a Junta Militar também vai organizar o seu grupo. As duas comissões vão debater, vão reivindicar o documento que a Junta Militar mandou” ao chefe de Estado, disse Nhongo, numa gravação áudio distribuída pelos órgãos de comunicação social e que a ZEBRA teve acesso.
O responsável da Junta Militar assegurou ainda que o seu movimento “nunca vai desaparecer”, apesar de membros influentes do grupo dissidente terem aderido ao processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) que está a ser implementado pelo Governo moçambicano, Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e Nações Unidas.
O DDR enquadra-se no âmbito do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional assinado entre o Governo e a Renamo em agosto de 019.
“A Junta Militar está bem. A Junta Militar nunca vai desaparecer daqui de Moçambique”, frisou.
O grupo é apontado pelas autoridades moçambicanas como responsável por ataques armados que já provocaram a morte de pelo menos 30 pessoas, desde 2019, em estradas e povoações das províncias de Manica e Sofala, centro de Moçambique.
O grupo de Mariano Nhongo, antigo comandante da Renamo, contesta a liderança do atual presidente do principal partido de oposição em Moçambique, Ossufo Momade, e as condições para a desmobilização.
O Acordo de Paz e Reconciliação Nacional prevê, entre outros aspetos, o desarmamento do braço armado da Renamo, envolvendo cerca de 5.000 membros.
Embora haja desenvolvimentos no processo, com quase metade dos guerrilheiros já desmobilizados, o grupo de Mariano Nhongo continua um desafio para as partes e todas as tentativas de aproximação para um diálogo com a dissidência fracassaram.
Lembre-se que ainda este ano, o ministro da Defesa considerou haver um “enfraquecimento” da Junta Militar, face às investidas das FDS.
Reduziu-se “significativamente” o número de ataques junto às estradas nacionais n.º 1 e n.º 6, porque “as Forças de Defesa e Segurança estão permanentemente lá e em perseguição ao inimigo, no caso, a Junta Militar da Renamo”, declarou o governante.