O UNICEF está a aumentar o seu apelo humanitário 2021 para Moçambique de 52 para 96,5 milhões de USD, dos quais 55,7 USD serão canalizados para a resposta de Cabo Delgado.
Com os contínuos ataques em Cabo Delgado, surtos de doenças transmissíveis, e o impacto do ciclone Eloise, a situação humanitária em Moçambique deteriorou-se significativamente desde o início do ano.
Segundo um comunicado de imprensa daquele organismo das Nações Unidas, mais de 732.000 pessoas estão deslocadas devido ao conflito no Norte do país, das quais 46% são crianças. Os serviços básicos têm sido gravemente perturbados em grandes partes de Cabo Delgado.
“Será necessário mais apoio da comunidade internacional para responder adequadamente às necessidades da população afectada nas províncias do Norte do país e para continuar a apoiar as pessoas afectadas por desastres naturais que ocorreram no centro de Moçambique”, disse Maria Luísa Fornara, Representante do UNICEF em Moçambique.
A crise de Cabo Delgado, em particular, está a ter um impacto preocupante nas crianças e mulheres, onde muitas crianças sofreram traumas profundos.
Segundo a representante, se não forem tratadas, poderão tornar-se um factor para uma crise longa e prolongada que poderá rapidamente alastrar a outras áreas.
Mais de um terço de unidades sanitárias destruídas
De acordo com o UNICE, em Cabo Delgado, mais de um terço das unidades sanitárias foram destruídas pelos terroristas e nas áreas mais afectadas pelos combates, não existem instalações que funcionem de todo.
Mais de 220 escolas e vários sistemas de água foram alvo de ataques. Mais de 300.000 crianças em idade escolar estão deslocadas e dependem da escolarização de emergência.
Estima-se que 33.000 crianças estejam a sofrer de desnutrição potencialmente fatal que requer cuidados especializados; e com a desnutrição prevista para aumentar até ao final do ano em Palma, Macomia e Quissanga, este número irá aumentar.
Juntamente com autoridades nacionais, provinciais e distritais, e parceiros humanitários, o UNICEF está a obter material e serviços de salvamento de vidas para crianças e famílias deslocadas, incluindo as que escaparam de Palma, e comunidades que as abrigam.
Está ainda a aumentar e reforçar o apoio psicossocial baseado na comunidade às crianças, juntamente com sistemas de encaminhamento e serviços essenciais de protecção da criança; a proporcionar às crianças gravemente subnutridas leites e alimentos terapêuticos especiais e a fornecer material humanitário para responder às necessidades de saúde, saneamento e higiene, educação, protecção da criança.