Numa altura em que milhares de crianças ainda estudam sentadas no chão, com défice de professores nas escolas, o Centro de Aprendizagem e Capacitação da Sociedade (CESC), questiona a decisão do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano ( MINEDH), de atribuir 160 viaturas de luxo às direcções distritais.
Para esta organização da sociedade civil, não faz sentido que a aquisição destas viaturas seja prioridade para um sector que está de rastos, sendo o incumprimento do pagamento das horas extras aos docentes exemplo disso. “No meio a tudo isso, o ministério optou por atribuir viaturas de luxo às direcções distritais e de institutos de formação de professores”, deplora.
Trata-se de viaturas de marca Mitsubishi Triton 2020, compradas pelos parceiros internacionais do MINEDH, através do Fundo de Apoio ao Sector da Educação, FASE, para a supervisão,
Segundo o CESC, o sector da Educação tem um défice, este ano (2024), de 10 mil professores e de 760 mil carteiras ao longo do país, e inúmeras turmas com crianças que estudam ao relento.
“Ainda que as viaturas tenham sido compradas pelos parceiros de cooperação do MINEDH, o Governo tinha como impor as suas prioridades”, entende o CESC.
Cada viatura custa no mercado 1.700.000,00mt, o que significa que 160 viaturas custaram 270 milhões de meticais.
Entretanto, várias vozes da opinião pública defendem que as viaturas são importantes para a supervisão, mas o sector poderia ter optado por adquirir carros mais baratos. “Nós não estamos a precisar de carros. Estamos a precisar de salas de aulas. Os professores estão a precisar de salário. Mas, em contrapartida, os senhores compram carros de alta cilindrada”.
Entendem ainda as mesmas vozes, entendem que o professor em Moçambique é um verdadeiro herói porque em condições precárias, em baixo de uma árvore, com um quadro apoiado no chão, ele tem que estimular as crianças a irem à escola e não abandonarem os estudos. “E no final do dia ainda ganha mal e tem o salário atrasado”.