Filipe Nyusi saúda o homólogo e considera a vitória como “recompensa pela sua dedicação altruísta ao Ruanda “. Paul Kagame é Presidente do Ruanda há 23 anos e poderá permanecer por muitos e longos anos, anos.
Os resultados parciais oficiais das eleições gerais que tiveram lugar no dia 15 deste mês, no Ruanda, dão vitória a Paul Kagame, presidente daquele país, que arrecadou 99,15% dos votos. Ruanda não tem uma oposição sólida, o que pode estar a contribuir para esta vitória esmagadora.
Kagame concorreu com dois candidatos, nomeadamente o do Partido Democrático Verde de Ruanda, Frank Habineza que obteve 0,53% e o candidato independente Philippe Mpayimana que obteve 0,32%”.
Segundo a presidente da Comissão Eleitoral daquele país, Oda Gasinzigwa, os resultados definitivos serão conhecidos em 27 de julho. Em 2017, com os mesmos adversários, Kagame venceu com 98,79% dos votos.
Do ponto de vista jurídico, não há nada suscetível de atrapalhar a permanência no poder de Paul Kagame por muitos e longos anos. Sabiamente, Kagame alterou a Constituição em 2015 para poder cumprir mais dois mandatos até 2034. O povo aprovou a reforma em referendo, com uma esmagadora maioria de 98%.
Entretanto, o Presidente moçambicano Filipe Nyusi, saudou ontem o seu homólogo ruandês, Paul Kagame, pela reeleição ao cargo de Presidente da República, que vê como “uma recompensa pela sua dedicação altruísta” ao Ruanda. Paul Kagame: O novo amigo de Moçambique – ZEBRA (zebrando.co.mz) “Por ocasião desta vitória eleitoral, em nome do povo, do Governo da República de Moçambique e no meu próprio, gostaria de endereçar a vossa excelência, ao partido no poder e ao povo ruandês as nossas mais calorosas felicitações, fazendo os melhores votos de êxitos ao assumir o novo mandato no cargo esmagadoramente confiado pelo povo do Ruanda”, afirma Filipe Nyusi, citado num comunicado emitido hoje pela Presidência moçambicana. Fontes:
Quem é Paul Kagame – Início da vida
Paul Kagame nasceu na cidade de Gitarama, na região central do país em 1957. Migrou com sua família para Uganda, onde cresceu, refugiando-se de ataques sofridos pelos Tutsis, sua etnia, perpetrados por Hutus. Em Uganda Kagame estudou na Universidade Makerere, em Kampala, antes de se juntar às forças de Yoweri Museveni, que derrubou o governo militar de Uganda em 1986. Kagame tornou-se chefe de inteligência de Museveni e ganhou uma reputação de incorruptibilidade e severidade ao impor um rigoroso código de comportamento.
Muitos ugandenses se ressentiam da presença ruandesa em seu país, no entanto, e, quando a década de 1980 fechou, Kagame e três outros líderes militares ruandeses expatriados formaram a RPF liderada pelos tutsis e planejaram uma invasão de sua terra natal. Em 1990, enquanto Kagame estudava na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército dos EUA em Fort Leavenworth, Kansas, essa invasão – principalmente envolvendo veteranos tutsis do exército ugandês – foi empreendida e repelida. No processo, os outros três membros do comando da RPF foram mortos. Kagame assumiu a direção da guerra civil, que foi suspensa em agosto de 1993 por um acordo de paz.
Genocídio de 1994 e ascensão ao poder
No início de abril de 1994, o presidente ruandês Juvénal Habyarimana, um hutu, foi morto quando seu avião foi abatido em Kigali, capital de Ruanda. Isso desencadeou uma campanha de genocídio contra os tutsis e seus aliados hutus moderados. Em resposta, Kagame liderou uma força de 10.000 a 14.000 soldados da RPF contra as forças hutus que perpetravam o genocídio.
Evitando ataques diretos e utilizando prolongadas ataques de artilharia a fortalezas inimigas, as forças de Kagame foram capazes de minimizar as baixas e retomar Kigali no início de julho. Até então, mais de 800 mil pessoas haviam sido mortas no genocídio.
A FPR montou um novo governo presidido por um hutu, Pasteur Bizimungu, mas o poder real parecia estar com Kagame, que, aos 37 anos, assumiu os títulos de vice-presidente e ministro da Defesa. Em 2000, Kagame foi eleito presidente do governo de transição de Ruanda.
Presidência
Durante a campanha presidencial de 2003, Kagame retratou-se como ruandês e não como tutsi e tentou minimizar a existência de conflitos étnicos no país. Kagame – que se envolveu em táticas agressivas de campanha contra seus rivais hutu, chegando a prender os que apoiavam os seus adversários e forçando alguns candidatos a se retirarem da corrida – venceu de forma esmagadora nas primeiras eleições multipartidárias do país. Ele foi empossado no cargo em 12 de setembro, encerrando o governo de transição de nove anos. Um dos principais focos de sua presidência é a construção da unidade nacional e da economia do país.
Fonte: The New Times Ruanda/RFI e Zebrando