A diretora executiva da ONU Mulheres, que é igualmente sub-secretária-geral da ONU, Phumzile Mlambo-Ngcuka, que visitou Moçambique esta semana, afirmou que organizações da sociedade civil e femininas em Moçambique, com as quais reuniu-se defenderam que “em Cabo Delgado há necessidade das mulheres terem voz, serem ouvidas e os seus pontos de vista serem tidos em conta para alguma coisa”.
Para Mlambo-Ngcuka, a participação das mulheres nos processos de paz contribui para uma paz duradoura e resiliente, assim como assegura que as sociedades e as comunidades se reconciliam.
Mlambo-Ngcuka falava em Maputo no âmbito do encontro subordinado ao tema “Mulheres, paz e segurança humanitária na perspectiva do género: perspectivas para a edificação de uma paz sustentável em Moçambique.”
Várias organizações da sociedade civil moçambicanas estão a levar a cabo iniciativas com vista a garantir uma participação mais ativa das mulheres nos processos de paz.
“Estamos a fazer “lobbies” para que tenhamos mais mulheres nas missões de paz, de modo a que possam atender aquilo que são as necessidades específicas das mulheres, tanto durante o conflito como também nos campos de reassentamento”, explica Elisa Muianga, coordenadora da Academia política da mulher no Instituto para Democracia Multipartidária.
Entretanto, a ONU Mulheres em Moçambique necessita de 10 milhões de dólares para atender às necessidades imediatas e a médio prazo de cerca de 60 mil mulheres e raparigas nas províncias de Cabo Delgado, Niassa e Nampula.
A representação da ONU Mulheres disse que o montante seria investido na recuperação sócio económica das mulheres, na proteção e segurança de mulheres e raparigas afetadas por conflitos, no fortalecimento da capacitação nacional e na promoção da inclusão das mulheres e organizações femininas na resposta humanitária e na recuperação pós conflito.
A diretora executiva da ONU Mulheres, apelou para o reforço urgente da ajuda da comunidade internacional às vítimas dos ataques de alegados grupos jihadistas na província nortenha de Cabo Delgado.
A Oficial de Programas da ONU Mulheres em Moçambique, Lesira Gerdes, considera por seu turno, que a ausência deste financiamento pode afetar o acesso à educação e saúde, aumentar a insegurança alimentar e a desnutrição crónica, além de aumentar os riscos de violência sexual e a prostituição forçada.
“Milhares de mulheres e raparigas irão continuar num ciclo vicioso em que a desigualdade do género continua e, provavelmente, cresce ainda mais”, salienta.
Dados divulgados pela ONU Mulheres em Moçambique indicam que, na sequência da crescente instabilidade no norte do país, cerca de um milhão e trezentas mil pessoas precisam de assistência imediata. Deste número mais de metade, cerca de 663 mil, são mulheres e raparigas. Por outro lado, dos 697 mil deslocados cerca de 380 mil são mulheres e raparigas.