O Presidente do Ruanda, Paul Kagamé já se encontra em Moçambique desde hoje (24 de Setembro), numa visita de trabalho cuja agenda contempla encontro com o chefe do Estado moçambicano, Filipe Nyusi.
Kagamé que aterrou na cidade de Pemba, vai saudar as tropas ruandesas que, em coordenação com as Forças de Defesa e Segurança (FDS), operam nas zonas afectadas pelas acções terroristas no norte da província de Cabo Delgado, bem como participar, como convidado de honra, no acto central das festividades alusivas ao 25 de Setembro, Dia das Forças Armadas de Defesa de Moçambique.
Ainda em Pemba, os dois estadistas vão manter conversações oficiais para analisar a cooperação bilateral entre Moçambique e Ruanda, bem como passar em revista assuntos de interesse comum, da região e do continente, segundo indica uma nota da Presidência da República.
Por outro lado, a Agência de Radiodifusão do Ruanda informou no Twitter que Kagame irá encontrar-se com elementos das Forças Armadas e da polícia “enviados a Cabo Delgado para restaurar a paz”.
O contingente ruandês de cerca de mil homens chegou a Cabo Delgado em Junho para ajudar as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique a combater os insurgentes e tem anunciado a libertação de algumas aldeias que estavam nas mãos dos terroristas.
Em Julho, chegou a Força em Estado de Alerta da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) que entrou no terreno a 9 de Agosto.
Entretanto, os residentes de vários locais da província de Cabo Delgado, falam de novos ataques. Até ao momento não há qualquer confirmação ou comentário por parte das autoridades
Um grupo armado protagonizou uma série de ataques em quatro aldeias do distrito costeiro de Quissanga provocando a morte de mais de 15 pessoas e destruição, por fogo posto, de palhotas e viaturas, segundo relatam fontes locais.
Na quinta-feira, 23, um grupo armado ligado aos insurgentes locais, conhecidos por Al-shaabab, atacou a aldeia Lindi, e queimou várias palhotas e viaturas de particulares na aldeia remota de Quissanga.
Horas antes, na mesma aldeia, o grupo tinha emboscado uma viatura de transporte de passageiros de caixa aberta e os disparos provocaram a morte de duas pessoas no local e outras duas escaparam com ferimentos.
Na segunda-feira, 20, o grupo filiado ao Estado Islâmico atacou e matou a tiros sete pessoas na aldeia Tapara, uma zona não distante da área onde as tropas de Moçambique e Ruanda anunciaram grandes avanços em meados deste mês.
Já no sábado, 18, outras cinco pessoas foram mortas na lagoa de Bilibiza, quando se encontravam a pescar. As pescas no mar foram proibidas pelas forças estatais, supostamente para controlar o movimento dos insurgentes que estão sendo expulsos das matas densas do sul de Mocímboa da Praia e norte de Macomia.
Na semana passada, na noite de quinta e sexta-feira uma investida do grupo fez igualmente cinco mortos na aldeia de Namaluco, provocando a fuga de várias pessoas que tinham regressado a aldeia, após o anuncio das autoridades moçambicanas para o regresso seguro da população.
A VOA contactou sem sucesso a Polícia em Cabo Delgado e o Ministério de Defesa Nacional (MDN) não respondeu de imediato ao nosso pedido de comentários.
O conflito em Cabo Delgado já provocou mais de 3.100 mortos, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED, na sigla inglesa, e mais de 820 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas.