À margem da festa da independência: Nyusi e Samia abordam situação nos dois países

A Presidente da Tanzânia, Samia Suluhu Hassan, saudou o progresso do seu país durante as comemorações dos 60 anos de independência do colonato britânico, em 1961, que enfrenta agora uma conjuntura de preocupações crescentes face aos direitos civis.

O Presidente da República, Filipe Nyusi, e a homóloga tanzaniana, Samia Suluhu Hassan, abordaram em Dar-Es-Salaam, a situação nos dois países, à margem da celebração dos 60º aniversário da independência do país que ontem se assinalou.

“Sessenta anos em paz é muita coisa. É só ver o slogan ou o lema que eles adoptaram, que é ´Tanzania firme, o trabalho continua”, o que significa que estão comprometidos com o trabalho”, disse o Chefe do Estado moçambicano.

Nyusi disse ter aproveitado a sua presença nas celebrações da independência da Tanzânia para trocar impressões com Samia Hassan sobre a situação nos dois países.

Considerou que a irmandade entre as duas nações está saudável e isso pode ser explicado pelo facto de Moçambique ter sido um dos poucos países convidados para o evento.

“Neste momento que estou a falar, há tanzanianos em Moçambique e nós também estivemos aqui (Tanzânia a apoiar) na luta contra o Idi Amin. Mas, não é só por isso. Quando há oportunidades, trocamos impressões sobre a economia e esperamos que no próximo ano, o mais cedo possível, a Presidente visite Moçambique”, afirmou.

Realce-se que as comemorações dos 60 anos da independência da Tanzania foram marcadas por momentos de festa, com a exibição de actividades culturais e demonstração da força militar do país. Destaque vai ainda para a participação do antigo Presidente moçambicano, Joaquim Chissano.

A cerimónia contou também com a presença dos presidentes Uhuru Kuenyatta, do Quénia, e Paul Kagame, do Ruanda.

Samia Suluhu, saudou o progresso do seu país

A Presidente da Tanzânia, Samia Suluhu Hassan, saudou o progresso do seu país durante as comemorações dos 60 anos de independência do colonato britânico, em 1961, que enfrenta agora uma conjuntura de preocupações crescentes face aos direitos civis.

Aantiga colónia britânica conhecida como Tanganica ganhou a independência antes de se tornar oficialmente Tanzânia, após a fusão com Zanzibar três anos mais tarde em 1964.

A Tanzânia adotou uma democracia multipartidária em 1992, mas os últimos anos têm sido marcados por numerosos abusos de liberdade aos seus cidadãos, particularmente sob a administração do antecessor de Hassan, John Magufuli, que esteve no poder entre 2015 e 2021.

“O sucesso que tivemos nos últimos 60 anos de independência foi possibilitado por uma administração democrática e pelo Estado de Direito”, declarou Samia Suluhu Hassan num discurso à nação na noite de quarta-feira.

“O nosso país estabeleceu um sistema que permite aos cidadãos exercer a sua liberdade de expressão sem quaisquer restrições”, disse, observando que o número de meios de comunicação aumentou de um em 1961 para centenas hoje.

Samia Suluhu Hassan tornou-se a primeira mulher líder da Tanzânia em março após a morte súbita de John Magufuli, de quem foi vice-presidente.

A Presidente mostrou sinais de rutura com o seu antecessor, apelidando-o de “o bulldozer”, pelo seu estilo autoritário, dizendo que estava pronta a defender a democracia e as liberdades fundamentais.

Todavia, a detenção no final de julho do líder do principal partido da oposição, Freeman Mbowe, acusado de “terrorismo”, lançou dúvidas sobre as suas intenções e alguns dos seus críticos descrevem-na abertamente como uma “ditadora”.

A investigadora do Instituto de Estudos de Segurança (ISS) Ringisai Chikohomero afirmou que Samia Suluhu Hassan está presa pela sua dependência dos apoiantes do Magufuli no Chama Cha Mapinduzi (CCM), o partido no poder desde a independência.

“Ela ainda tem de construir a sua própria base de apoio”, disse a investigadora à agência de notícias France-Presse (AFP).

“Tem de cumprir a linha do partido ou pode ser expulsa”, explicou.

Num movimento que vai contra o Magufuli, a chefe de Estado reabriu alguns meios de comunicação proibidos, trouxe um crítico do seu antecessor para o Governo e inverteu a proibição de raparigas grávidas e mães adolescentes irem à escola.

Lançou também uma campanha de vacinação contra a covid-19, enquanto Magufuli tinha constantemente minimizado o impacto do coronavírus e se recusava a tomar medidas para conter a pandemia.

Porém, o seu “espaço de manobra dentro do CCM é bastante limitado”, concluiu a investigadora.

As divisões internas do partido tornaram-se públicas no sábado, quando Hassan acusou alguns rivais de tentarem difamar a sua liderança com acusações de corrupção.

Em agosto, o Governo suspendeu um jornal de propriedade do CCM por publicar um artigo dizendo que Hassan não se candidataria às eleições de 2025.