Perfil de cada candidato à Presidente da República

Lutero Simango é o candidato mais velho dos quatro concorrentes à Presidência da República, com 64 anos de idade. É formado em Engenharia Mecânica pela Universidade Eduardo Mondlane. É casado e pai de dois filhos. Simango é Presidente do MDM e Chefe da Bancada Parlamentar do mesmo partido, na Assembleia da República. Fala fluentemente português, inglês, Ndau e Suaíli.

Daniel Chapo é o candidato mais novo com 47 anos de idade. Nasceu no distrito de Cheringoma, no posto administrativo de Inhaminga, Província de Sofala. É formado em Jornalismo, Licenciado em Direito na Universidade Eduardo Mondlane -UEM (advogado) e Mestre em Gestão de Desenvolvimento pela Universidade Católica de Moçambique. Actualmente é Secretário-Geral do Partido FRELIMO. Daniel Chapo fala fluentemente português, inglês, Sena e Ndau. É casado, pai de três filhos e professa a religião cristã.

Venâncio Mondlane tem 50 anos de idade e nasceu na Cidade de Lichinga, Província de Niassa. É  Engenheiro Florestal formado pela Universidade Eduardo Mondlane (UEM). Como filiação política é membro do PADRES e tem a política como sua ocupação actual. Mondlhane fala fluentemente português, Inglês e Changana. Professa a religião cristã e é pastor Evangélico. É casado e pai de três filhos.

Ossufo Momade tem 63 anos de idade, nasceu na Ilha de Moçambique, Província de Nampula. É Político e militar (Tenente-general) e membro do Partido RENAMO. Actualmente é Presidente do Partido RENAMO e fala fluentemente as línguas Português, Macua e Ndau. Momade é casado e pai de 12 filhos. Professa a religião Islâmica.

São candidatos com muita experiência política

Entretanto, quando faltam três dias para o início da campanha eleitoral para as VIIas Eleições Gerais e das Assembleias Províncias, o analista político, Dércio Alfazema apresenta o perfil de cada candidato para o cargo de Presidente da República e considera que os mesmos apresentam muitas semelhanças e diferenças.

Segundo Alfazema, ao apresentar o perfil de cada candidato pretende trazer elementos objectivos que podem ajudar a compreender as semelhanças e diferenças entre os candidatos, podendo assim permitir que o eleitor não se limite às promessas eleitorais, mas que ao tomar a decisão tenham em conta outros elementos que poderão influenciar na forma como o candidato eleito vai exercer o seu mandato.

O analista começa por explicar que todos os candidatos são moçambicanos e com uma boa formação e muita experiência política. Os candidatos da oposição prometem reformas políticas e económicas, quase sempre numa abordagem de crítica ao partido no poder.

Um elemento diferencial é trazido pelo candidato Venâncio Mondlane que enfatiza a questão do nacionalismo e patriotismo. O candidato Daniel Chapo traz uma abordagem mais desenvolvimentista virada para o resgate da economia que pode levar à independência económica”.

No que diz respeito a experiência política, o analista aponta que alguns candidatos são inconsistentes. “Pesa o facto de Lutero Simango, o candidato mais velho e o Venâncio Mondlane passarem de um partido para o outro. Isso demonstra alguma inconsistência. Venâncio Mondlane por exemplo, já foi eleito para Assembleia Municipal da Cidade de Maputo por duas vezes, na primeira não terminou o mandato e na segunda nem sequer tomou posse.

Segundo Alfazema, Mondlane foi também eleito para a Assembleia da República duas vezes e, nas duas vezes não terminou o mandato. “Seria bom que desse garantias de que no caso de ser eleito para o cargo de Presidente da República vai de facto exercer o mandato até ao fim”.

Ossufo Momade apresenta limitações na comunicação com o público

Ossufo Momade, Presidente da Renamo

Para o analista, os candidatos comunicam muito bem, mas aponta algumas limitações. “O candidato da RENAMO, Ossufo Momade vai para estas eleições depois de enfrentar vários desafios internos, no seu partido. É um dos que menos aproveitou a pré-campanha para dialogar com os seus membros. Mas em termos de comunicação com o público apresenta também algumas limitações. Terá de se esforçar na campanha para apresentar as suas propostas de governação sem se colar muito ao governo actual, para que os eleitores possam melhor compreender”, afirma o analista, acrescentando que Momade apresenta um percurso militar que tem sido mais-valia para reforçar a agenda da paz em Mocambique.

Segundo Dércio Alfazema, Daniel Chapo é o único que apresenta experiência de governação e experiência de gerir população e território, mas olhando para os desafios que o país vive depois de 49 anos de independência pode ser uma fragilidade.

“Daniel Chapo precisa oferecer garantias de mudanças, é um candidato jovem e apresenta muitos elementos favoráveis no seu perfil. É o mais jovem, nasceu depois da independência nacional, tem boa formação e bom percurso profissional, mas, o seu partido (FRELIMO), que governa há 49 anos ainda não conseguiu resolver os grandes desafios que o país enfrenta. Ele tem de oferecer garantias de que vai operar mudanças de modo a responder ao desemprego, corrupção e redução do custo de vida, criminalidade entre outros”.

De acordo com Alfazema, sendo candidato mais jovem, Daniel Chapo terá que se explicar melhor para o eleitorado jovem sobre como vai trabalhar com eles para resolver os problemas que os preocupam”.

Segundo o analista, as eleições gerais são bastante estruturantes, pois através do voto directo é eleito o Presidente da República que é o Chefe de Estado, que vai dirigir os destinos da Nação durante cinco anos.

O analista espera que a campanha eleitoral venha a ser um momento de diálogo e de partilha de informação que possa mobilizar os eleitores a afluírem às urnas. Espera ainda que os candidatos venham a fazer promessas realísticas e a se distanciar de situações de violência que tem caracterizado os processos eleitorais em Moçambique.