A análise preliminar do impacto dos ataques terroristas no funcionamento das empresas, que afectam o norte da província de Cabo Delgado, desde finais de 2017,
aponta para cerca de 410 empresas e cerca de 56 mil postos de trabalho afectados, e um impacto financeiro preliminar de cerca de 95 milhões de USD que inclui destruições, atrasos de pagamentos e mercadorias em trânsito sem certeza da entrega.
Um comunicado da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), recebida ontem, indica que esta organização empresarial tem vindo a desdobrar-se em busca de soluções para minimizar o impacto da situação dos ataques terroristas que afectam as empresas em Cabo Delgado e em Palma, em particular.
“Neste quadro, mantivemos, encontros separados com a Total e o Embaixador da França em Moçambique, sobre a situação empresarial em Cabo Delgado, resultante dos ataques terroristas”.
Segundo a CTA, o distrito de Mocímboa da Praia figura como o mais afectado, com cerca de 40% de empresas abrangidas e 23% dos postos de trabalho perdidos.
Decorrente dos ataques terroristas, a CTA apresentou as preocupações do sector privado à TOTAL e ao Embaixador da França.
“Dentre várias questões, destacamos o atraso nos pagamentos que se está tornando num pesadelo para o sector privado. A TOTAL informou-nos estar a trabalhar arduamente para encontrar soluções para os contratos em curso, através das contratadas”, indica o comunicado de imprensa.
Segundo o Comunicado, a CTA acordou com a TOTAL em criar uma task force conjunta para: Mapear os pagamentos pendentes e cujas mercadorias tinham sido ordenadas pelas contratadas e facilitar, contrato-a-contrato, o cumprimento das obrigações com as PMEs moçambicanas.
“Desta forma, informamos ao mercado que amanhã, dia 21 de Abril, (hoje, quarta-feira), iremos circular uma planilha de recolha de informações e solicitamos que todas as empresas com pagamentos pendentes possam inscrever e, a partir daí, a task force irá tratar do assunto, rapidamente”.
Nos encontros, foi preocupação da CTA obter da TOTAL clareza quanto às mercadorias em trânsito e em armazém por ser entregues.
A CTA, junto do Governo e da Total, está a fazer o esforço necessário para minimizar essa questão mais rápido possível, havendo da Total garantias de que esta situação está sendo acautelada.
Avança o comunicado que a TOTAL, na qualidade de líder do consórcio empresarial que opera em Cabo Delgado, partilhou a informação de que está preocupada com a questão das consequências destes ataques e com o funcionamento de outras instituições, como é o caso da EDM, TDM, bancos e outras entidades, como forma de assegurar a prossecução do projecto.
Sobre as Ilhas Mayotte, tanto o Embaixador como a TOTAL referiram que não a têm como opção para o projecto de LNG mas, apenas para instalação de serviços hospitalares, para evacuação dos seus quadros em casos de doença, uma vez que Palma não tem licença internacional.
“TOTAL mostra-se seguro com os aspectos de segurança”
“Na mesma reunião, pudemos concluir que todas as evacuações dos locais dos ataques foram efectuadas em segurança e em tempo útil, incluindo de civis”, indica o comunicado, salientando que na actualidade, a TOTAL confirma que os aspectos de segurança estão a ser devidamente acautelados pelo Governo, o que garante segurança no seu acampamento e nas suas operações.
Decorre desta constatação o facto de a Total ter decidido manter os equipamentos no
site, como sinal de que não pretende transferir-se para outros pontos, como Ilhas Mariott, bem como terminar o projecto. Entretanto, devido a questões de segurança em toda a região, as actividades estão suspensas.
“Aguardaremos, igualmente, que as condições de segurança no terreno sejam restabelecidas o mais rápido pelo Governo. Com o Embaixador da França concluímos que as relações bilaterais com Moçambique continuam muito boas, o que prova pelo contínuo interesse de prosseguir com os seus investimentos em Moçambique”, indica o mesmo comunicado.
O Embaixador reconheceu que este é o maior investimento em África e também da Total, tendo assegurado o seu interesse de manter estes investimentos em Moçambique.
O Embaixador aproveitou informar que está em curso a preparação de um fórum internacional de investimentos França – África, à margem do qual se irá realizar o fórum de negócios bilateral entre França e Moçambique, no próximo mês de Maio.
A CTA apela à calma de toda a classe empresarial e a pautar por uma conduta que a distancie de toda e qualquer especulação sobre a questão dos investimentos em Cabo Delgado. Adicionalmente, a CTA apela a todos que se sintam lesados a disponibilizarem toda a informação necessária, através do inquérito que hoje, 21 de Abril inicia, de modo a ajudar as partes responsáveis a lidar com a situação.